segunda-feira

por todas as vezes que brigamos
e para todo amor

nunca haverá resposta certa
ou chuva suficiente que me faça lembrar
do quanto eu te quis

do quanto eu quis te conhecer

por todas as vezes que nos amamos
e pra toda dor

você podia deixar a porta aberta
pra que a gente não perca a pressa
e nunca se esqueça da cicatriz

nem do quanto é bom adoecer a dois

sábado

antes fosse só a dor de te ver partir
melhor seria se eu só não conseguisse dormir
mas as árvores tremem comigo de frio
e na verdade ela nunca me trouxe abrigo

meus amigos disseram que eu ia te amar
aqui eu só consigo sua dor vivenciar
agora as árvores colorem meu caminho
e elis ainda só me faz chorar

quinta-feira

eu tô tão triste que eu podia te chamar pra dançar
pedir pra que você não me esqueça
te cantar essa canção
e esperar que você volte

"a gente não vai dar certo"
mas ainda posso tentar...

eu tô tão triste que eu podia mentir pra você
dizer que não te amo
sair perdendo a cabeça
te escrever essa canção
e implorar pra que você volte

"a gente teria dado certo"
se eu não tivesse tentado


desculpa.
se permitir perder sem chorar
ninguém vai te trazer à tona
daquela imensidão esquecida

vocês não vão voltar

meu coração é daqui
onde a primavera é pra sempre
e a gente, quando chove
se permite chorar
fortaleza que todo mundo conhece
mas ninguém nunca ajudou a construir
todas as paredes pra nos proteger
que só serviram pra afastar

abismo que niguém viu
mas ajudou a esconder
o murmúrio de cada pássaro
que acelerou nossos corações
e destruiu nossos jardins


tudo é o mesmo, mas diferente
porque agora meus fantasmas já não são mais os seus
"mais do que nunca
eu quero minha solidão de volta
das noites do primeiro inverno
solidão sem fim
e o nada ficava
tudo que eu sentia com você
de mim não sobrava nada
só a saudade de você"





porque versinho tá na moda.

sábado


Não consigo me olhar no espelho. Nunca pensei que encarar meu próprio rosto um dia se tornaria tão difícil. Tudo parece distorcido e sem rumo. Mal sei de onde vim, pra quê vim. Decidi que não quero mais encarar minha vida de frente, logo, ignorância parece ser a solução para todos os meus problemas. Tratar mal aqueles que me querem bem, agora me parece uma saída. Tudo que eu quero é poder voltar no tempo e amar as pessoas que me amaram quando elas me amaram, quando eu realmente fui digna de todo o carinho que recebi delas. Hoje eu me sinto suja, meus sonhos estão manchados e eu não consigo nem me olhar no espelho.

domingo

"As duas almas, que são uma só,
    Embora eu deva ir, não sofrerão 
Um rompimento, mas uma expansão,
    Como ouro reduzido a aéreo pó.

Se são duas, o são similarmente
    Às duas duras pernas do compasso:
Tua alma é a perna fixa, em aparente 
    Inércia, mas se move a cada passo

Da outra, e se no centro quieta jaz, 
    Quando se distancia aquela, essa
Se inclina atentamente e vai-lhe atrás, 
    E se endireita quando ela regressa.

Assim serás para mim que pareço
    Como a outra perna obliquamente andar.
Tua firmeza faz-me, circular,
    Encontrar meu final em meu começo."

terça-feira

Há uns meses atrás, não conseguia me lembrar nem mesmo sobre o quê tinha sido o meu último sonho. Jamais ouvi relatos de acordarem e "por que será que eu não sonhei hoje?". Parece que as pessoas só se preocupam com o cansaço físico, e acabam esquecendo por onde largam seus pensamentos. Sonhos são o espelho de uma vida: é o único momento em que você é capaz de questionar o porquê pensa certas coisas, e isso faz falta.

Enquanto os sonhos davam uma volta por aí, minha mente tentava preencher a lacuna deixada por eles. O grande problema nisso é que a realidade só te traz a realidade. Ela não é capaz de ser a válvula de escape do caminho que os sentimentos percorrem. Tive várias provas disso, mas uma delas pode resumir todas as outras.

- Olha a polícia lá, se esconde!
- Esconder não, filho, eles tão ali pra nos proteger e cuidar da gente.
- Não, mãe! Polícia mata!

Presenciei isso numa volta do trabalho, um diálogo entre um menino de no máximo cinco anos e sua mãe.
Chorei por horas quando cheguei em casa até entender o porquê...
Eu concordo com o menino.
Não prefiro o crime organizado, não prefiro milícias, não prefiro a "pacificação". Pra mim, depois desse reality show todo, a única coisa que mudou é quem levanta a arma. O homem se mata. E é aí que eu concordo com aquele menino. E é aí que a realidade é se mostra incapaz de aliviar as nossas tensões.

Esse é o tipo de coisa que você só dá conta quando volta a sonhar. Eles voltaram e se tornaram rotina pra mim. Nunca bons ou ruins, sempre sobre recentes sentimentos passageiros e irrelevantes, mas que às vezes se confundiam com a realidade. Dessa maneira, minhas noites de sono encontraram uma ordem e acabaram se tornando inerciais e sem destino.

Inerciais até ontem. Houve um tempo em que eu tentei amadurecer a ideia de que a falta de rumo dos meus sonhos estava errada. Nunca consegui por conta própria, até que um filme fez isso por mim. Valsa com Bashir conseguiu desfibrilar todos os meus sentidos. A realidade crua enfeitada com traços marcantes e sequências lúdicas: mais um soco na cara, só que daqueles bem dados. Acredito ter sido o primeiro longa que me causou pesada vergonha de ser humana. Assim que o filme acabou, eu não conseguia mais olhar para a tela, me senti curiosamente constrangida por tê-lo visto. E depois de passar uns bons minutos assim, quando resolvo ir dormir, meu olhos não fecham, minha cabeça não pára um minuto e quando pára, meus sonhos, que até então eram relevantes, se tornam o massacre que o filme retrata...

Nós matamos quando esquecemos a importância de questionar nossos próprios sentimentos, quando lutamos para não enxergar o que nos motiva. Somos responsáveis por todos os massacres que já aconteceram, por cada morte, apenas por esquecer o porquê de sonharmos.

sexta-feira

"Your flavor in my mind swings back and forth between sweeter than any wine, and bitter as mustard greens
Light and dark as honeydew and pumpernickle bread

The trap I set for you seems to have caught my leg instead."

In A Sweater Poorly Knit - mewithoutYou